segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Para os casados e os que querem se casar

O casamento é uma daquelas coisas que você faz, e depois de um tempo se pergunta: Por que é mesmo que eu fui fazer isso? Como aquele produto pra cozinha que você comprou porque viu um cara na televisão fatiando automaticamente legumes e tendo uma vida feliz, cercado de amigos comendo saladas, pizzas, churrasco e mesas de frios... Depois, no dia a dia, o eletrodoméstico já não é tão útil assim, sua vida não virou um mar de rosas por causa dele, você não está cercado de amigos, na correria não dá pra usar o produto como aparece na TV. É claro que ainda há ótimos momentos com seu "brinquedo", mas você percebe que ele te dá mais trabalho do que prazer, gera muita louça e você pensa duas vezes antes de usá-lo..... Respeitadas as devidas proporções, o casamento é entre pessoas, e pessoas são mais que eletrodomésticos, não são coisas que se pode simplesmente "usar". Posso dizer sem medo aos nubentes de todo o planeta: você irão se frustrar, com certeza! Os homens se casam esperando que suas esposas serão iguais às namoradas e noivas, se enganam, elas mudam tremendamente, como os homens também mudam após a conquista. As mulheres, por sua vez, na maioria das vezes se casam esperando que seus futuros maridos se transformem nos príncipes encantados quando eles se tornam mais sapos ainda... Estaria, pois o casamento fadado ao fracasso? Não acredito que isso seja uma inexorável verdade. Há casamentos que duram, porém se deve ter em mente que sofrimentos virão, não sofrimentos que te afligirão DURANTE o casamento, mas sofrimentos que virão EM DECORRÊNCIA do casamento e há que se suportar, respirar fundo e manter-se fiel à decisão. Muitas vezes a decisão de se continuar casado parece a mais estúpida, mas ainda assim, se se dá mais uma chance ao amor, entendido como uma decisão, um princípío, e não apenas um sentimento, então pode-se colher bons frutos. Depois que se aprende a viver casado, os pequenos prazeres que uma convivência forçada pelo SIM diante do altar se tornam coisas preciosas, ter uma mão para segurar, alguém para lhe trazer uma refeição, um outro corpo ao seu lado para dormir, sem falar na vida sexual, que em muitos casamentos, posso assegurar com propriedade, é maravilhosa. Se posso dar um conselho, e posso, pois esse é MEU BLOG, o casamento deve ser iniciado sem paixão, pois é assim que ele vai seguir durante um bom tempo, a maior parte dele. Claro que deve haver paixão entre o casal, mas a decisão, deve ser medida sem o peso da paixão, pois esse sentimento tende a pintar as coisas em cores mais vibrantes do que na realidade são. Nessa ótica, um casamento deve ser admitido como se admite um sócio, deve haver intimidade, mas ponderação entre os defeitos e qualidades que se procura nesse relacionamento. terminar com um sócio pode ser igualmente doloroso com prejuízos para ambas as partes. Mas ainda acredito no casamento e defendo-o como Paulo de Tarso o defendeu, é uma boa opção estar casado num mundo tão mau como o nosso. Como participante da cultura cristã, creio que o casamento deve ser eterno, é uma daquelas escolhas que se leva para a vida toda, independente de como ele pode ter começado. Dito isso, volto pra casa, sento no sofá, assisto ao telejornal, dou um suspiro profundo, como quem joga, numa lufada de ar, todo o descontentamento da vida, deito-me ao lado de minha esposa, e mesmo sem querer, durmirei de conchinnha esta noite.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Ainda sobre as origens dos nossos conceitos



Em outra postagem, propus que a fonte daquilo que consideramos verdade influencia na elaboração de nossa verdades. Ainda, o falar sobre a verdade revelada, oriunda da religião, vimos que os nossos conceitos se estabelecem e se solidificam não só através de nossas experiências, mas também, e principalmente, através de nossas relações.
Por relações entendemos o contato com outras pessoas, mas também o contato com as instituições e com os meios virtuais (internet, tv, etc) sendo que esses últimos são sempre personificados em nosso imaginário. (o UOL disse, a Folha publicou e assim por diante...)
Vemos que, hoje em dia, com o esvaziamento das relações reais e, sobretudo, familiares, e num crescimento vertiginoso das relações virtuais e da importância crescente que se dá aos mass media, a construção dos conceitos tem importância cada vez menor das instituições tradicionais - escola, igreja, família, sendo que a construção das verdades fica por conta de quem tem mais poder de comunicação de massa, isto é a TV, canais de internet e multimedia e o mercado, com seus objetos-signos que portam valores embutidos pela publicidade.
Não podemos esquecer que, embora critiquemos a Religião por seu saber Revelado e, por isso, inviolável (a autenticidade do saber revelado não pode ser questionada, pois a Fonte desse saber é Divina e infalível), Nós também não passamos pelo crivo da razão todos os nossos saberes. Nossos gostos não são dados pela razoabilidade, não escolhemos gostar de pagode, funk ou sertanejo porque isso nos trará mais benefícios. Todavia, não podemos negar que esses gostos são construídos e, em parte, escolhidos segundo outros critérios.
Se isso é verdade quanto aos conceitos relacionados à arte, isto é, que eles possuem critérios de escolha em que a razão tem pouco peso, também podemos dizer isto de conceitos que são, pelo menos em seu enunciado, completamente racionais.
Um desses exemplos encontra-se claramente na política. No Brasil e creio que em todo lugar, as escolhas políticas são feitas, primeiramente, por critérios não-racionais. Pense na subida de um partido como o PT ao poder, e digo isso apenas por que o PT está no poder. Não é razoável supor que uma organização política tenha condições de reger o país mesmo sob fortes evidências de corrupção e incompetência de gestão. Não se trata de discurso de oposição, basta ler os últimos noticiários. Por que, então, o PT foi o grande vencedor em 2010?
Perguntar-se isso seria como perguntar por que muitos torcem pelo Corinthians. Obviamente, existe um componente mais importante que a razão, qual seria?
O afeto, a emoção, a pressão do grupo e a Qualificação da Fonte da representação são os primeiros argumentos, não racionais e até irracionais que nos impulsionam,que nos dão a ideia de pertencimento a algo maior e que, ao mesmo tempo, nos fazem pensar que aquilo é legitimamente nosso, espontâneo, autogerado.
"Gosto do Restart porque eu gosto", não porque eles estão na mídia, não porque eles têm um som desse ou daquele jeito, mas gosto da banda por motivos que nem sei explicar - só pra constar, isso é um exemplo eu, Éder, não gosto de Restart.
Dessa forma, o conceito passa a ser tão inviolável quanto a Revelação Divina, questioná-lo é o mesmo que pôr em xeque sua fonte, dotada de poderes que nós demos a ela através de nosso afeto.
Criticar os atos do governo é agora tentar destruir parte de nós mesmos, pois projetamos nele nossas emoções e nosso afeto. O Führer não podia ser deposto mesmo após tantas atrocidades, não depois que foi aclamado por 90% dos cidadãos alemães como líder máximo do país.
Como dito antes, o peso de um conceito depende, primeiramente, das relações estabelecemos com a Fonte. A partir do momento em que nos é possível identificar essa fonte e mapear nosso afeto por elas, nos é possível ter um pensamento mais claro a respeito daquilo que consideramos verdade, e escolher a verdade de forma mais livre.

P.S. Pode parecer que eu disse que nós damos às fontes o poder que julgamos que elas tem. e eu disse isso mesmo, mas não disse que nós criamos os deuses, como muitos supões, mas falaremos disso em outro momento

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

In-pertinência



Eu já não atualizo um blog, imagina então, dois.....

Bom, de qualquer jeito, estou criando o Blog "In-pertinência" ou http://in-pertinencia.blogspot.com .
Trata-se de alguns vídeos e fatos e assuntos interessantes e polêmicos.
Espero que vocês gostem!

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Fecha a boca e come!



Quem tem criança sabe o quanto é difícil, em certa idade, faze-las comerem. Como esse blog também é cultura, disponibilizamos esse link pra ajudar a alimentar os pequenos.
Diante da impossibilidade de fazer as crianças comerem, os pais, desesperados, usam de todos os meios pra fazer os rebentos se alimentarem. da mesma forma, as palavras nos alimentam as idéias, e as idéias nos orientam a vida.
Jeremias, o profeta bíblico que viveu no século VII AC já diz em seu livro: "Achando-se as tuas palavras, logo as comi, e a tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração" (Jeremias 15:16). Não é novidade, portanto, que comer, engolir e etc seja usado como metáfora para a aceitação de idéias.
Esse texto busca falar em como alguns "formadores de opinião" utilizam técnicas para nos fazer "engolir suas idéias" que nem sempre fazem sentido.

1. Dizendo que NÃO querem mudar sua opinião:
Toda comunicação pressupõe a TRANSMISSÃO de um conteúdo, e todo conteúdo a que temos contato exige de nós uma resposta, que tomemos posição a respeito do que vimos e ouvimos. dessa forma, concordamos, discordamos ou ignoramos (embora haja autores que digam que essa última opção é inexistente). a verdade é que esse argumento é uma dissimulação, para que o receptor da mensagem fique mais propenso a aceitar. Ocorre porque há uma valoração negativa do ato de ensinar, principalmente a adultos.
Exemplificando: EU quero que você concorde comigo, MAS, se eu digo que você deve mudar sua opinião, faço você se lembrar da sua opinião anterior. de certa forma, estou dizendo que a sua opinião não é tão boa quanto a minha e isso faz com que você PENSE na sua opinião, além de me colocar em posição de Conflito com você.
Por isso, o jeito mais fácil é dizer que eu NÃO TENHO INTENÇÃO DE MUDAR A SUA OPINIÃO, mesmo usando todos os outros meios para fazê-lo.

2. Utilizando a expressão TODO MUNDO:
Esse argumento é tão conhecido que funciona que é uma beleza! Não importa se o que estou dizendo faz sentido, o emissor tenta mostrar a quantidade de pessoas que partilham da mesma idéia. As propoagandas fazem isso a todo momento, um exemplo é um chinelo de borracha, anteriormente usado pelas classes mais baixas (por ser mais barato) e que há muito vem tentando quebrar esse estigma com propagandas envolvendo artistas e com o Slogan "todo mundo usa". Se todo mundo pensa e age de uma maneira, você não vai querer ir contra TODO MUNDO, não é?

3. Pegando carona na autoridade ou carisma de alguém:
Ainda no caso da propaganda, os artistas estão ali para autorizar, dar seu aval para certa idéia ou prática. a autoridade política "o LULA disse pra votar na Dilma", científica "o Dráuzio Varella disse que as plantas medicinais fazem mal à Saúde" ou carismática (bota o exemplo do LULA de novo) são solicitadas para que você não precise fazer o esforço de desconfiar do conteúdo da mensagem.

4. Usando a avalanche de informações:
Essa técnica é muito usada pelos bancos e pelos teóricos da conspiração, visa desviar o foco das questões mais importantes e evitar que você elabore TODOS os pontos apresentados pela mensagem. vejam o vídeo que diz que os Illuminatti mataram o Michael Jackson, aqui. É uma das idiotices mais idiotas, mas gasta uma hora citando um monte de informações inúteis e impossíveis de serem checadas. É literalmente "vencer pelo cansaço".

5. Adjetivando
É bem simples: basta colocar, numa frase, diversos qualidades que não necessariamente são reais. É chato ter que ficar explicando tudo, sobretudo adjetivos. Se uma coisa é feia, ela é feia, não tenho que explicar por quê. Se você pegou carona no carisma de alguém, vai concordar, também com sua visão sobre o assunto e com as qualidades que ele expressa.

Existem muitas outras técnicas e maneiras de enganar as pessoas, tem gente que distorce falas, usa a linguagem fática (emoção), tem gente que usa música e assim por diante, e é bom que a gente saiba se defender desse tipo de coisa.

É claro que a fé vem pelo ouvir, mas, com tanto engano or aí, é bom que ela venha também depois do "conferir"

P.S. Quero lembrar que aquilo que chamamos de "discurso científico", também utiliza muitas formas de se enganar, temos que ficar de olho!

Até a próxima postagem!

domingo, 12 de abril de 2009

Verdade luz e consequências - por Claudinha

A Claudinha me mandou um mail com esse comentário, que o servidor do blogger não aceitou por ter mais de 300 caracteres...
De qualquer forma, postamos aqui, e vamos resolver esse probleminha técnico.
Valeu Claudinha espero sempre contar com suas colaborações....

"Gosto da maneira em que o cinema produz a sociedade, e de como eles buscam a biblia para isso. Mas não gosto da maneira em que a sociedade produz a verdade, e esta, a Biblia. Vivendo em um país aclamado cristofobico, sinto as consequencias de conhecer a luz e caminhar por entre as trevas. Não conhecem e nao querem conhecer, por que não conhecem outro prazer em suas vidas, somente aqueles mesmos, os de sempre. A liberdade da verdade traz um prazer profundo e duradouro, ainda que a dor esteja presente. Um dia ouvi que o ignorante é o que não sabe e o que não quer saber, desta maneira, que burrice há em conhecer outros prazeres, outra realidade e outros conceitos? Somos livres para escolher, e conhecendo, livres por acreditar em Deus! não temos vicios, não temos medos nem incertezas, Deus nos conduz e ilumina!!!
Que este mesmo Deus nos abençoe, cada um de acordo com nossas necessidades! Amem"

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Verdade, luz e consequências


A raça humana está escravizada pelas máquinas e vive num eterno sonho. Seus corpos crescem cultivados em bolsas, plugados em fios e cabos que, ao mesmo tempo em que criam seus devaneios, roubam-lhe a vida. Assim é o cenário sombrio da Matrix, ficção proposta pelo irmãos Wachowsky, que mudou a maneira de se fazer cinema e influenciou milhares de pessoas na virada do milênio. Já faz dez anos, quem diria...
Mas quero, nesse post, falar sobre uma cena específica do primeiro filme da trilogia Matrix, o Cypher, o traidor da causa, esse que aparece aí em cima...
Pra quem não assistiu o filme, esse camarada percebeu que a vida real era uma porcaria, o gosto do alimento real, uma gororoba branca, nem chegava perto do pedaço de carne mal passada que ele tem no garfo, o problema é que ele sabe que aquilo que ele tem em mãos não é real e por isso não pode trazer prazer completo. Ele está disposto a entregar seus amigos para poder esquecer a verdade, para ele, a "ignorância é uma bênção".
Durante muito tempo da minha vida eu fugi da verdade, porque a verdade tem suas consequências. Fugi para a filosofia, para provar que a verdade não existe, se existe é inalcançável, se é alcançável, não vale a pena descobrí-la. De certa forma, eu quis o prazer, mas meu prazer sempre vinha repleto de vazios. A carne que eu comia me era indigesta porque eu sempre soube que aquilo não era real....
Você já foi a uma balada, dançou, bebeu, ficou, saiu, transou e depois, sozinho, percebeu que tudo aquilo foi apenas um teatro, uma encenação? Por isso muitos vivem dopados, seja por drogas, álcool ou antidepressivos, porque ainda querem, de certa forma, fugir dessa realidade frustrante que aprisiona em um mundo que engana, oferecendo sonhos e devaneios para que não percebamos a situação de prisão a que nos submetemos...
É nesse sentido que Cristo diz "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará (João 8:32)".
A verdade tem suas consequências e uma delas é a liberdade, mas não é só essa a consequência dela, Cristo compara a verdade com a luz e a luz à Palavra de Deus. "Se alguém andar de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo" (João 11:09). A verdade nos protege, evita de nos machucarmos, de cairmos. A verdade previne essas feridas abertas, esses vazios enormes, porque, no fim das contas, a escuridão é o vazio de luz.
Uma amiga me disse que queria ir numa Dark Room (sala escura onde as pessoas praticam sexo sem ver com quem) só pra ver como é que era... Infelizmente é assim que nossa geração está, não queremos ver o sofrimento que causamos aos outros, estamos todos em uma grande sala escura, nos divertindo às custas de pessoas e pensando que isso é justo, pois as pessoas estão se divertindo às nossas custas....
Sabe uma das consequências mais desagradáveis da verdade? Ela nos mostra nosso erro. nos faz olhar em volta e ver as pessoas chorando enquanto buscam o prazer, nos faz ver as nossas misérias e desgraças, e isso dói...
Mas a escuridão não cura feridas, apenas as esconde, elas continuam doendo...
Eu hoje sou feliz na verdade, devo confessar que é difícil ser julgado burro em meio de meus amigos universitários, mas eu tenho a consistência da luz, tenho a visão do fim do meu caminho, consigo ver as amarguras dessa vida, mas também vejo que a cura para esse mundo está tão próxima a todos, sou feliz vivendo o que acredito, sou feliz sabendo que creio e vivo a verdade...
"Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito." (Provérbios 4:18). A chama de uma vela é suficiente para quebrar a escuridão mais densa, imagine o Sol nascendo em sua vida.
E aí, quer ser livre? Vem pra luz!

sábado, 28 de fevereiro de 2009

A Verdade Sobre a Verdade




O texto está publicado na revista Diálogo Universitário, Volume 16, nº 3 páginas 5 a 7.

Leiam, copiem, repassem e mandem seus comentários:

“Que é a verdade?” (João 18:38). A pergunta de Pilatos a Jesus trata de um tópico de crucial e universal interesse. Eu gostaria de destacar seis verdades acerca da Verdade que a Escritura ensina.

Verdade no. 1: A verdade existe

A Bíblia identifica a Deus como “o Deus da verdade” (Salmo 31:5) e diz que Jesus veio à Terra “cheio de graça e verdade” (João 1:14).

Uma vez que a verdade constitui parte essencial da natureza de Deus; uma vez que é dito haver sido Jesus cheio de verdade e que Ele veio para nos revelar a verdade, podemos estar seguros de que a verdade existe. Há várias décadas esse ponto não precisava ser reafirmado. A existência da verdade absoluta era simplesmente admitida. Entretanto, vivemos agora numa época em que muitas pessoas crêem que tudo é relativo e que não existem absolutos morais. Seus princípios morais são extremamente flexíveis, e elas sustentam que aquilo que constitui verdade para uma pessoa pode não sê-lo para outra. Contudo, essa não é a perspectiva bíblica! A Bíblia apresenta a existência de verdades absolutas, as quais prosseguem sendo verdade quer se concorde com elas, quer não.

Pedi, certa vez, a um grupo de estudantes universitários que fechassem os olhos e apontassem na direção que pensavam ser o Norte. Orientei-os a que mantivessem o dedo estendido ao abrirem os olhos. O exercício demonstrou que nem todos possuíam boa noção de direção. Alguns estavam apontando para o Leste, outros para o Sul, e alguns para o Oeste. Eventualmente alguém apontava até mesmo para cima (afinal de contas, nos mapas, o Norte sempre está na parte de cima!). É claro que alguns indicaram corretamente o Norte. A verdade é que, não importa para onde os estudantes estivessem apontando, isso não mudava a verdadeira posição do Norte.

Um diretor de um centro aeronáutico disse-me certa vez que é possível os pilotos perderem a direção em que se encontra o solo durante o vôo. Em outras palavras, podem perder a noção do que está “em cima” e do que está “em baixo”! Essa condição é conhecida como desorientação espacial ou vertigem.

Obviamente essa seria uma condição perigosa para um piloto. Se ele pensar que está subindo quando na realidade está descendo, a aeronave se encontrará em grave perigo.

Essa condição mortífera por vezes experimentada pelos pilotos representa uma metáfora do mundo contemporâneo. O mundo em que vivemos sofre de vertigem moral. Muitas pessoas pensam que o “em cima” é “em baixo” e vice-versa. Vemos o resultado disso em termos de desintegração de nossas famílias e sociedade. Temos ouvido histórias aterradoras e inexprimíveis atrocidades à nossa volta. Parece que vivemos outra vez os dias do antigo Israel: “Naqueles dias não havia rei em Israel; cada um fazia o que lhe parecia correto” (Juízes 21:25).

Foi-me dito que o piloto necessita do horizonte como ponto de referência; se esse não estiver visível, ele precisará consultar os instrumentos de navegação, tais como indicador de posição ou o altímetro, para evitar a vertigem. Da mesma forma, os cristãos necessitam do ponto de referência da Palavra de Deus, de uma vida de oração e do conselho de companheiros e amigos cristãos, de modo a poderem viver a verdade.

Não importa o que diga o mundo contemporâneo, a verdade existe. Existe uma realidade objetiva. Existem imperativos morais absolutos, existem verdades eternas. A verdade de que Jesus morreu pelos seus e meus pecados. A verdade de que Ele está retornando. A verdade de que Ele possui um plano para cada vida. A verdade de que Deus deseja que cada um de nós seja parte de Sua família, a igreja, e que ajudemos os que se encontram em necessidade. Sim, a verdade existe.

Verdade no. 2: A verdade importa

A verdade não apenas existe, mas ela importa. Ela é importante, é vital, é significativa.

Em II Tessalonicenses 2:13, Paulo declara: “Deus escolheu vocês para serem salvos por meio da obra santificadora do Espírito e através da crença na verdade.” Também se afirma em II João 4: “Não tenho maior alegria do que ouvir que meus filhos estão andando na verdade.” Visto sermos salvos pela fé na verdade, porque Deus Se alegra quando nela andamos, torna-se evidente a sua importância.

Por vezes, sentimo-nos confusos quanto ao que realmente importa na vida. Distraímo-nos com esportes, filmes, negócios ou política. Contudo, o que importa mais que qualquer outra coisa é o modo como respondemos à verdade de Deus. Isso é mais importante que nossas notas na escola ou uma vaga na faculdade de Medicina ou Odontologia. A verdade realmente importa!

Você já notou que quando algo o afeta, pessoal e individualmente, isso logo se torna muito importante? Suponha que você esteja viajando e ouve pelo rádio a notícia de um desastre natural, como um terremoto ou temporal, que atingiu sua cidade. Imediatamente toda a sua atenção se volta para as informações. Deseja saber tudo o que é possível a respeito do desastre. Por quê? Porque isso lhe diz respeito. É por isso que a verdade é tão importante. Ela envolve a todos.

O modo como respondemos à verdade de Deus afeta a nossa qualidade de vida na Terra. Jesus disse: “Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância” (João 10:10). A vida mais alegre, plena e significativa é aquela que se compromete com a verdade. Evidentemente, o modo como respondemos à verdade afeta não apenas a vida presente, mas igualmente a eternidade. Nossa resposta Àquele que corporifica a verdade determina se estaremos aptos a viver para sempre.

Por vezes, quando ocorre uma grande partida de futebol e as câmeras focalizam o ambiente festivo e os espectadores que se preparam para torcer, o comentarista diz: “Não existe nada melhor do que isso!” Ele parece sugerir que esse jogo é a coisa mais importante da face do planeta.

Com o devido respeito aos torcedores e comentaristas, devo afirmar que existe algo melhor, muito melhor. Quando você vive um relacionamento com Jesus Cristo, quando possui a plena certeza de Seu amor, quando está aguardando Seu retorno, quando se encontra casado com a esposa que Deus lhe destinou, quando sustenta nos braços o seu filhinho ou filhinha, aí sim, você pode afirmar: “Não existe nada melhor do que isso!” A verdade realmente importa!

Verdade no. 3: A verdade precisa ser buscada

A Bíblia afirma que a verdade precisa ser buscada. Ou seja, devemos inquirir sobre ela. Uma vez que a verdade é importante, seria bom se pudéssemos tê-la em nós mesmos, que ela fosse intrínseca ao ser humano. Que a verdade fosse tão natural e automática aos humanos quanto o é o nadar para os patos.

Mas a verdade não é inerente a nós, não se encontra embutida em nosso ser. Deus deseja que a busquemos diligente e honestamente. O Senhor declara: “Vocês Me buscarão e Me encontrarão, quando Me buscarem de todo o coração” (Jeremias 29:13). O que esse verso declara sobre como encontrar a Deus aplica-se igualmente na busca da verdade, uma de Suas mais notáveis qualidades. Em outras palavras, encontraremos a verdade quando a buscarmos de todo o coração.

Alguém poderia perguntar: “O que significa realmente buscar a verdade, procurá-la com todo o coração e alma?” Permita-me ilustrar com uma história. Há vários anos eu estava falando numa reunião campal, quando fiz algo que jamais deveria ter feito. Minha esposa e eu havíamos terminado o jantar na área de refeições, e estávamos entabulando uma conversa com outros adultos. Meu filho menor estava inquieto, de modo que lhe ordenei voltar ao nosso quarto no alojamento. Esse ficava a apenas um quarteirão, mas era necessário cruzar uma rua de grande movimento onde havia muitos turistas. Depois que minha esposa e eu terminamos a conversa e chegamos ao alojamento, não conseguimos encontrar nosso filho. Procuramos e chamamos, mas não pudemos encontrá-lo em parte alguma. Assim começamos a procurá-lo freneticamente por toda parte, correndo de volta ao acampamento, fazendo tudo o que podíamos para encontrar nosso filho. Utilizamos na busca toda energia que possuíamos. É isso que significa buscar algo de todo o coração! E que imensa alegria foi encontrar nosso filho!

Cada um de nós necessita examinar o próprio coração. O que estamos buscando na vida? O que estamos realmente focalizando em nossos estudos ou profissão? Deus nos chama para algo mais que apenas uma carreira de sucesso. Ele deseja que nos comprometamos com a busca da verdade.

Verdade no. 4: A verdade é uma Pessoa

O quarto princípio afirmado pela Bíblia acerca da verdade é este: A verdade encontra-se entretecida numa Pessoa e flui através dela. Ou seja, a verdade não constitui apenas um conjunto de princípios, não meramente um certo grupo de doutrinas escriturísticas. Em vez disso, a verdade é encontrada numa Pessoa. Observe João 14:6: “Eu Sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por Mim.”

Ocasionalmente presto serviços de aconselhamento pré-marital. Por vezes alguns casais desejam certificar-se de que todos os detalhes de sua nova vida estejam prontos antes do casamento; de que se encontram estáveis financeiramente, de que possuem bons empregos e uma boa casa para morar. Embora todos esses detalhes possuam alguma importância, nem de longe se comparam com o fato de saber que o casamento é primariamente um estado de permanente relacionamento com outra pessoa, de conexão às necessidades um do outro, e de tomar tempo para ouvir e ajudar o cônjuge.

Em termos simples, o cristão é um seguidor de Cristo. O cristão adventista é um seguidor de Cristo que aguarda Seu breve retorno. Um cristão adventista do sétimo dia é um seguidor de Jesus que O ama tão profundamente, a ponto de sentir a antecipação do Céu a cada sábado, enquanto aguarda a volta do Senhor.

O fato de a verdade encontrar-se envolta numa Pessoa não diminui a importância de se ensinar as Escrituras. Não minimiza a doutrina. Ao contrário, isso mostra que as verdades bíblicas irradiam dAquele que uma vez declarou ser, Ele mesmo, o caminho, a verdade e a vida.

Verdade no. 5: A verdade requer que tomemos uma posição

A Bíblia acentua o fato de que a verdade requer que tomemos uma posição. Em outras palavras, muitas vezes não é fácil viver a verdade. Em algumas ocasiões isso requer coragem e bravura.

Numa passagem marcante, Paulo exorta os efésios: “Para terminar: tornem-se cada vez mais fortes, vivendo unidos com o Senhor e recebendo a força do Seu grande poder. Vistam-se com toda a armadura que Deus dá a vocês, para ficarem firmes contra as armadilhas do Diabo... Assim, quando chegar o dia de enfrentarem as forças do mal, vocês poderão resistir aos ataques do inimigo e, depois de lutarem até o fim, vocês continuarão firmes, sem recuar. Portanto, estejam preparados. Usem a verdade como cinturão. Vistam-se com a couraça da justiça (Efésios 6:10-14).

Originalmente, o apóstolo Paulo utiliza quatro vezes a palavra permanecer nessa breve passagem. Ele nos desafia a permanecermos firmes. E havendo feito tudo, permanecer.

Às vezes, quando pensamos em permanecer na verdade, lembramo-nos dos heróis da Bíblia. Pessoas como Sadraque, Mesaque e Abedenego, que ousaram desafiar a ordem do rei para dobrarem seus joelhos e adorarem a imagem ao tocar a música (veja Daniel 3). Eles poderiam haver racionalizado sobre a questão de ajoelhar-se. Seu raciocínio poderia haver sido: “De que modo poderemos servir ao Senhor se formos executados?” Poderiam haver dito a si mesmos: “Sim, ajoelhar-nos-emos diante da estátua, mas no coração estaremos adorando apenas a Deus. O que há de errado nisso?” Mas eles não se envolveram em tão sofisticado comprometimento. Eles permaneceram ao lado da verdade. Eretos e firmes. Por essa razão, ao serem lançados na fornalha, não ficaram sozinhos.

Pensamos em Estêvão, que suplicou a Deus o perdão para seus agressores no mesmo momento em que as pedras o atingiam (veja Atos 7:59, 60). Pensamos em Pedro quando disse: “Mais importa obedecer a Deus do que aos homens”. (veja Atos 5:29). Essas histórias são maravilhosas e inspiradoras, mas também existem pessoas que nos dias atuais permanecem firmes ao lado da verdade.

Penso num jovem adventista que se graduou em direito e se candidatou a um emprego numa prestigiosa firma de advocacia. Ocorre que essa empresa estava representando os interesses de uma indústria do fumo. Ele poderia haver omitido seus pontos de vista acerca do cigarro de modo a obter o emprego, mas não o fez. Não conseguiu o emprego, mas teve a satisfação de permanecer ao lado da verdade.

O que ocorre com cada um de nós? Quando acossados pela tentação sexual, quando assediados pelo álcool, quando convidados a fazer qualquer coisa que afete nosso comprometimento com Jesus Cristo, o que respondemos? A única verdade digna de ser mantida é aquela que requer que permaneçamos.

Verdade no. 6: A verdade nos liberta

João 8:32 proclama: “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.”

Lembro-me de um importante momento em minha libertação. Esse ocorreu num grupo de oração no dormitório do Colégio de Geórgia-Cumberland, em outubro de 1975. Quando me ajoelhei junto a alguns amigos, compartilhando nossa fé e orando juntos, abri meu coração ao Senhor de uma forma nova e significativa, e então a paz e o amor de Jesus inundaram meu ser. Senti a presença de Deus como nunca dantes.

Se alguém perguntasse: “Você poderia descrever esse momento de conversão de um modo analítico e desapaixonado?”, a resposta é NÃO. Seria como alguém tentar descrever através de uma equação o que é estar enamorado de outra pessoa. Embora eu tenha experimentado muitas sensações nos dias e anos que se seguiram a esse meu encontro com o Senhor, uma das mais profundas é o sentimento de liberdade. Liberdade do fardo de pecado. Liberdade de hábitos e paixões que antes me escravizavam. Liberdade de tornar-me o tipo de pessoa que Deus deseja que eu seja. Liberdade para viver um relacionamento com meu Criador e Redentor.

A mesma experiência está à disposição de todos. Conforme Jesus declarou, você pode conhecer a verdade e essa lhe dará liberdade.

Greg A. King (Ph. D. pelo Union Theological Seminary) era chefe do Departamento de Religião do Pacific Union College quando escreveu este artigo. Atualmente trabalha como Professor de Estudos Bíblicos na Southern Adventist University. Seu endereço é: P. O. Box 370; Collegedale, Tennessee, 37315, EUA.